imagens de lugares cujo som
é a voz de instrumentos mortos
para sempre em exílio, para sempre em busca
do sol de um milhão de cores
do fogo inextinguível
da deusa cujo templo é rio
sempre caminho, adiante, adiante, adiante
meus pés são fibra vegetal, meus olhos
horizonte de Setembro
percorri a palma de minha mão procurando sinais
do cosmos, do que eu fui, do vir a ser
somente lágrimas deixaram pegadas
somente as luzes
de estrelas viajantes
que surgiam quando a noite alta
queria tomar o coração
nas rugas há pegadas
dessa noite de exílio
choque do espaço, choque do tempo
meu coração abre as portas em Abril
sorri em Agosto, nasce em Setembro
alma cigana, as raízes de mim estão
na poeira de uma cidade abandonada
sou círculo que se prolonga com a água
sangue dos famintos de beleza
cada vez que vejo o mar guardo as asas
penso
que o sal curará todas as feridas
minha face de espelho partido
minhas letras de mármore
minha canção de exílio.
07.12.08