03 junho 2008

Quarta Paisagem - Dos poemas de Zoétopia

Rios em espirais desafiam
a geografia
fontes brotam ao mais puro acaso
quando pisas com sede nesse chão
os frutos que trazias eram a madrugada, os sorrisos, o rosto de deusa
de um tempo que ainda não chegou

essas ondas suaves
vêm de um mar desconhecido
compasso de música indiana

essa relva amarela
alguma vez brotou
de teu cabelo azul
Oh, não há mais linhas retas
toda a terra é curva
útero sedento, faminto
de poesia
todo o ar respira
o perfume das mulheres
todo água bebe
de tua saliva
elixir da longa vida, minha vida
em tua língua
nas palavras que não pronuncias
nas frases que recito nas ruas,
nas cidades
nas montanhas
bela deusa de tantos corações
te amo da primeira à última vida
não sou mais que luz que sai de teus olhos
nada mais que ar
que sai de tuas narinas
flores de jade
que tocam violinos
escutas essa voz que sai
de desertos de vidro
deusa que se derrama pelas encostas
que brilha de infinitos em teu ventre
deusa dos vivos e dos mortos
do germe e do câncer
do riso e do choro
estou em cada raio que partiu
de tuas estrelas
eu sou
a voz que plenamente se consome
em busca de ti
mãe cruel, doce amante
mar de rosas, chá de espinhos
silêncio que rodeia de sons o mundo
eu sou
o que te ama
deusa, deusa, universo.


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