Para Manasha
nas piscinas que dançam entre corais
chamamos seu nome
que os ventos repetem sem cessar
está aqui nas dobras do metal
corrente contínua de caos e poesia
está aqui na pele da uva
na noite que os pássaros prolongam pela aurora
tento retardar seus passos
mas a estrada é longa
sinuosa como suas ancas de primavera
tento guardar com minhas mãos em concha
seu sangue oceânico
ela sorri como esfinge, tece notas
para o coaxar dos sapos
finge que minha voz
não cruzou o umbral
grafito as paredes do cosmos perguntando pela sua ausência
desenho mapas, roteiros de viagens
imaginando os lugares que ela pisou
meia-noite em Moscou
amanhecer em Antuérpia
tardes de verão em Tegucigalpa
é inútil
as mãos dela sobrevoam o lago Vitória
passo de compasso, num círculo tento
ultrapassar o infinito de seus sonhos
na gota d'água decifro
a aurora que ela projetou
Oh lembranças de amor infinito
é preciso nomear as ruas
com seus milhares de sorrisos
é preciso condensar no tempo
a variação infinita
de seus passos na maré
poemas são improvisos de cais
teu rosto vem em hexagramas
minha voz em trigramas incompletos
não há véus
somente
eterna transformação
língua de aço, recito os milhares de nome
que surgem do umbral de ti
é inútil
transbordo sempre o horizonte
procurando tua voz.
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