Nasci em dias de razão
só eu estava louco, sentia
em todas as coisas um hálito de morte
tudo era eficiente demais
as plantações, os massacres, as prostitutas
os remédios, as prisões, os hospícios
as guerras eram limpas
a medicina era sala de estar para o tédio
só os cadáveres se escondiam no porão
Eu era sujo, burro às vezes
burro quase sempre
o mundo era um jogo de xadrez
mas eu não sabia xadrez
só tinha certeza do sorriso das mulheres
dos ventos nas marés
também das cores no entardecer
do cheiro das frutas, das estrelas
eu não era eficiente
mas via a manhã se erguer sobre os edifícios.
2 comentários:
Gostei muito, é daquele tipo de poema que nós achamos complicados, mas no fundo do coração entendemos bem até demais, porque se assemelha com a gente.
Oi meu amigo, a sua filha é genial...rs...olha que comentário maduro?! Parece-me que ela compreende cada entrelinha das suas palavras...Eu gostei tb do poema, só o achei muito triste, pessimista, até mesmo revoltado. E espero que a sua alma consiga enxergar um pouco mais de LUZ. Bjs e melhoras!!
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