Aurora Austral
Porque o amor explode em vácuos arrebóis e manhãs
não procurarás a salvação dos mortos vivos
não comerás dos festins macabros
te aguarda: a manhã selvagem
teus olhos irrompem na cortina das nuvens
a hera dos meus dedos se dissolve em ti
Seremos mar subterrâneo, tambores nas dunas
Amor, amor é faca de destino na garganta
a libertar
os pássaros da manhã.
______________ P/VItoriazinha
Esquecendo os símbolos
quando você nasceu o dia não se pôs
parece simples demais comemorar a vida
celebramos muito mais
demiurgos secretos trabalhavam
no ventre secreto de tua mãe
devas para os cabelos e a língua
gnomos para as unhas
nereidas para o sangue
silfídes para os pulmões
elaboravam de um estranho caos
um novo ser
havia música lá dentro
e música aqui fora
tentativas barrocas em flautas doce
que faziam você se agitar como um duende
o ventre-bolsa-de-canguru oscilando
pés,mãos,pernas
pequena baleia no aquário
quando você nasceu
trazia um sol
quando você nasceu fomos
heróis de um romance a escrever.
____________ P/Ariadne
Olhando o mar que não vi
posso dizer
que ter você
bolinha amorfa a tomar leite
era como ver o mar
crisálida de alma
crisálida de carne
sorria às vezes
séria como Buda
As maquinações dos hospitais
a insanidade dos homens vestidos de branco
os vampiros sanitários
a todos vencestes
em duras batalhas
como Sita na floresta
Rama depois do exílio, tu voltavas
mais forte
terna menininha nua
rosto de flor
quando sorris agora
também abro asas e vôo
atrás de ti.
Um comentário:
Profundo!!!
Ariadne e Vitoriazinha são suas meninas??
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