01 dezembro 2007

Dias de Razão


Nasci em dias de razão

só eu estava louco, sentia

em todas as coisas um hálito de morte

tudo era eficiente demais

as plantações, os massacres, as prostitutas

os remédios, as prisões, os hospícios

as guerras eram limpas

a medicina era sala de estar para o tédio

só os cadáveres se escondiam no porão


Eu era sujo, burro às vezes

burro quase sempre

o mundo era um jogo de xadrez

mas eu não sabia xadrez

só tinha certeza do sorriso das mulheres

dos ventos nas marés

também das cores no entardecer

do cheiro das frutas, das estrelas


eu não era eficiente

mas via a manhã se erguer sobre os edifícios.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito, é daquele tipo de poema que nós achamos complicados, mas no fundo do coração entendemos bem até demais, porque se assemelha com a gente.

Anônimo disse...

Oi meu amigo, a sua filha é genial...rs...olha que comentário maduro?! Parece-me que ela compreende cada entrelinha das suas palavras...Eu gostei tb do poema, só o achei muito triste, pessimista, até mesmo revoltado. E espero que a sua alma consiga enxergar um pouco mais de LUZ. Bjs e melhoras!!