Transcrevo, abaixo, a última página do livro O Anticristo, do Nietzsche. Nunca deixei dúvidas quanto ao meu próprio anticristianismo, mas às vezes é bom falar de todo mal que veio desse solo nefasto: basta lembrar que nosso modelo de civilização -eurocêntrica-, é cristão e foi esse modelo que nos trouxe aonde estamos agora: à beira do abismo. As igrejas estão sempre afiando suas garras e tentando manter a humanidade num estado de permanente idiotia, num permanente autismo espiritual: o grande salto de tigre é um salto no reino do espírito, sem deus, mas com inúmeras possibilidade humanas e além humanas. Mas é preciso sepultar, com terra nova, os produtos espúrios de dois mil anos de ignorância, atraso e cegueira.
Do AntiCristo - de Nietzsche
Lei Contra o Cristianismo
Com data do dia da salvação, primeiro dia do ano Um (em 30 de setembro de 1888, pelo falso calendário)
Guerra mortal contra o vício:o vício é o cristianismo
Primeira Proposição: Viciosa é toda forma de ir contra a natureza. A forma humana mais viciada é o sacerdote: ele prega a contradição da natureza. Contra o sacerdote não há razões e sim cadeia.
Segunda Proposição: Toda participação a um serviço religioso é um atentado à moralidade pública. Deve-se agir com mais rigor contra protestantes do que contra católicos, mais rigorosamente contra protestantes liberais do que contra os de fé sólida. Entre as massas, quanto mais próximo se está da ciência, mais criminoso se torna ser cristão. Conseqüentemente, o criminoso dos criminosos é o Filósofo.
Terceira Proposição: O solo amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basílicas deve ser destruído pedra por pedra, tornando-se o lugar mais infame da terra, o terror de toda posteridade. Deve-se criar cobras venenosas nesse lugar.
Quarta Proposição: A doutrina da castidade é uma instigação pública à contradição da natureza. Todo desprezo à vida sexual, toda tentativa de contaminá-la através do conceito de "impureza" é na verdade o próprio pecado contra o espírito sagrado da vida.
Quinta Proposição: Comer à mesa com um sacerdote é proibido: dessa forma excomungá-lo-emos da sociedade honesta. O sacerdote é nosso Tschandala, temos de expulsá-lo, deixá-lo morrer de fome, impelí-lo para alguma forma de deserto.
Sexta Proposição: Deve-se chamar a "sagrada história" pelo nome que merece, de história maldita; devem-se usar as palavras "Deus", "terra da promissão", "redentor", "santo", como xingamentos, como epítetos de criminosos.
Sétima Proposição: O resto virá por si só.
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