09 dezembro 2007

3 Poemas

Aurora Austral

Porque o amor explode em vácuos arrebóis e manhãs

não procurarás a salvação dos mortos vivos

não comerás dos festins macabros

te aguarda: a manhã selvagem

teus olhos irrompem na cortina das nuvens

a hera dos meus dedos se dissolve em ti


Seremos mar subterrâneo, tambores nas dunas


Amor, amor é faca de destino na garganta

a libertar

os pássaros da manhã.


______________ P/VItoriazinha

Esquecendo os símbolos

quando você nasceu o dia não se pôs

parece simples demais comemorar a vida

celebramos muito mais

demiurgos secretos trabalhavam

no ventre secreto de tua mãe

devas para os cabelos e a língua

gnomos para as unhas

nereidas para o sangue

silfídes para os pulmões

elaboravam de um estranho caos

um novo ser

havia música lá dentro

e música aqui fora

tentativas barrocas em flautas doce

que faziam você se agitar como um duende

o ventre-bolsa-de-canguru oscilando

pés,mãos,pernas

pequena baleia no aquário

quando você nasceu

trazia um sol

quando você nasceu fomos

heróis de um romance a escrever.


____________ P/Ariadne

Olhando o mar que não vi

posso dizer

que ter você

bolinha amorfa a tomar leite

era como ver o mar

crisálida de alma

crisálida de carne

sorria às vezes

séria como Buda


As maquinações dos hospitais

a insanidade dos homens vestidos de branco

os vampiros sanitários

a todos vencestes

em duras batalhas

como Sita na floresta

Rama depois do exílio, tu voltavas

mais forte

terna menininha nua

rosto de flor


quando sorris agora

também abro asas e vôo

atrás de ti.


Um comentário:

Anônimo disse...

Profundo!!!
Ariadne e Vitoriazinha são suas meninas??