A aurora desperta escondida
- privilégio dos insones -
e interminavelmente continua seu trabalho
dia após dia
Cada vez mais cedo
Primavera e - por que não -
Outono em meu coração.
Pequenas Possibilidades Cósmicas
Sua língua me habita, chave que abre as portas da noite nagual. Em breve o vento das estrelas, el Huracan celeste nos levará pelos mesmos becos cósmicos, esses vãos entre os grãos de areia, esse intervalo entre gotas d'água.
Abraçarei tuas asas como criança que encontra o sol na estrada e o leva para brincar de esconde-esconde e correm juntos pelos bosques, bebem dos regatos a insistente música do cosmos.
Irei contigo onde fores, língua que escreve na areia, pluma que dança na miragem dos oceanos. Entre teus deuses sou o estranho, meus olhos têm sangue, os teus têm estrelas; tu bebes a luz, sou tabuleiro, por isso olho ansioso a esfericidade dos limões, a geometria dos frutos, a geografia do sexo da terra.
Mergulharei em tua carne improvável deusa-mariposa, deixa-me ser por um instante a névoa que te envolve, o talo de relva em que pousas, a flor que te alimenta. Oceanos de néctar descerão em tua garganta, sou cometa entre cenotes e aldravas, alfabeto que se narra no amanhecer.
Eis aqui nosso amor, pequenas possibilidades cósmicas de paixão. Enquanto voas, a lua acende promessas de espaço.
Um comentário:
Doce como a relva pela manhã em um dia de verão! Adorei seu poema e sua perspicácia, a geografia, a terra a astronomia, são algumas de minhas paixões, e você com tão pouca idade, e grande sabedoria, descreve, como se tivesse vivido, várias existências.
Parabéns!
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