Mil olhos vezes mil não alcançam a verdade.
Palavras não cruzam fronteiras de vidro.
Pan é um ponto com espirais periféricas. O ponto está em todos os lugares.
O corpo da mulher amada e o vinho têm o mesmo sabor.
A calêndula reproduz-se sol.
O sol, calêndula.
O mar, com sua voz, nos diz que além, além do tempo, algo permanece.
O passado não serve como mapa do futuro.
O futuro é um acontecer ai:presente realizado.
Nem a filogenia nem a ontogenia, mas a pangenia pode nos servir de guia para um futuro maior do indivíduo. E da espécie.
Os quasares, galáxias-antenas, bólidos celestiais, estrelas marinhas, não serão também mistérios no homem?
O limite do corpo nos diz aquilo que a alma não quis.
A maior liberdade é aquela alcançada nas contingências. A borboleta que morre ao atingir o fogo é mais feliz.
A mão do nada se insinua na angústia, mas quem move a mão é o ser.
Poesia, serpente que se auto-devora.
Não sabemos de nós o que devemos, mas o que queremos. Não queremos de nós o que devemos, mas o que sabemos.
Há aranhas que se lançam de montanhas ao vento e do vento ao nada. Alturas em que poucos homens conseguem chegar.
Sabedoria de poetas e grilos: cantar ao invisível.
A trama secreta do mundo é música. Mas é preciso silêncio para ouví-la.
Morremos aos poucos, desde o primeiro dia em que nascemos. Mas vivemos também a cada morte, minha ou tua: átomos primordiais que somos, espalhados no todo.
Há um porto onde Pan tem morada, mas aonde nem sempre o homem chega: o coração humano.
2 comentários:
Nossa, adorei! Achei poético e entendi tudo. Meu hamster se chama Pan!
Gostei!
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