21 julho 2009

Dois Novos Poemas

Impossível Mar

é impossível se perder no mar
é impossível alcançar o mar
é impossível dessalgar o mar
é impossível enxergar o mar
e impossível flutuar o mar
é impossível perverter o mar
é impossível conquistar o mar
é impossível soletrar o mar
é impossível vomitar o mar
é impossível faturar o mar
é impossível repetir o mar
é impossível falsificar o mar
é impossível adormecer o mar
é impossível vegetar o mar
é impossível etiquetar o mar
é impossível esvaziar o mar
é preciso navegar o mar
no que improvável há
em nós.



Ainda Há Pouco

Ainda há pouco, milênios atrás
nem sabia da imensa caligrafia
das pedras imaginava ser o papel tinta dos ventos
num ângulo de 45º entre a pirâmide e a areia
tempo deslizava entre os grãos
ainda há pouco ouvi meu grito
na placenta do futuro.

Um comentário:

Mário Dirienzo disse...

O Mar e a areia podem ser signos de desolação. Areias de uma seca sem fim, águas de um sal e uma sede sem fim. Mas há a esperança, mesmo no grito de dor. A placenta do futuro é a nossa mãe última.