Não considero a busca pelo absoluto uma necessidade metafísica; se entendermos o absoluto como a superação das contradições - um território onde o humano se plenifica, o absoluto é na realidade uma necessidade existencial. Superar as contradições não significa acabar com as diferenças, mas conciliá-las num todo harmônico. Não se trata de buscar um além, mas de encontrar aqui, na terra, as condições de realizar esse estado de plenitude: superar as contradições sociais, as contradições psicológicas, as divisões que tornam o humano a criatura incompleta que é.
Sem mistificações ou mitomanias, buscar esse absoluto é procurar formas de epifanias com a natureza, é encarnar nossa humanidade em nosso sangue, nossas vísceras, nossa naturalidade máxima; é pisar a terra com os pés descalços e beber a água assim que sai da fonte.
Sempre achei que o amor fosse uma fonte do absoluto, mas sei que não podemos vivenciar o outro plenamente enquanto nós mesmos não atingimos essa plenitude, esse estar cheio de si, ou seja, cheio de possibilidades, latências, que realizamos com e pelo o outro. Uma sede de viver como não se vive mais, tornando a si mesmo um epicentro das vivências mais raras, tornando-se o locus mágico onde o amor, a revolta e a esperança se fundem em perpétua combustão. Uma vontade que não se dobra nem se entrega, que resiste nem que seja para ao fim, num ato de liberdade, determinar seu próprio fim: Catão em Útica...
É preciso fazer sexo com a terra, fecundar suas planícies, beber seus mares, aspirar de seu yoni* os sumos que tornam possível a existência; beber do leite que se espalha de seus seios siderais e tornam a via: branca.
Caminho de Santiago, caminho de estrelas, meu lingam é uma bandeira cravada entre estrelas, nave espacial entre os pelos púbicos da terra, entre a generosidade sem limites do útero e a doçura terrível da morte.
A transição dos átomos é cesura na matéria, mas nós somos seres plenamente transitórios, o absoluto é a fusão dos corpos num instante, o roçar do lingam nos lábios do cosmos, a soma cujo resultado é menor que os termos.
A todo instante somos mais e menos que ontem, a todo instante nos perdemos e nos achamos: o absoluto é o olho de fora que traça a rota do caminhar.
O absoluto é uma paisagem sempre por desenhar.
A lógica social pede que nós sejamos parte de algo e assim deve ser, quando entendemos a sociedade como um tecido composto por uma trama cujos fios somos todos nós; mas isso não impede que procuremos dar à vida possibilidades muito mais amplas, aumentar sua rede de significações e sentidos, de maneira que não precisemos reclamar do cotidiano, da rotina, já que tudo pode ser plenitude.
Eu sou irremediavelmente o outro.
Eu sou o olhar distante que só vê no espelho o rosto do amor.
Entre os corações pulsam sóis que transitam entre o azul e o vermelho.
Entre os corpos há música de câmara nos sexos.
Sou a melodia que nunca se completa; moto contínuo harmônico, sou a língua que lambe os olhos do mistério.
Amor.
Sem mistificações ou mitomanias, buscar esse absoluto é procurar formas de epifanias com a natureza, é encarnar nossa humanidade em nosso sangue, nossas vísceras, nossa naturalidade máxima; é pisar a terra com os pés descalços e beber a água assim que sai da fonte.
Sempre achei que o amor fosse uma fonte do absoluto, mas sei que não podemos vivenciar o outro plenamente enquanto nós mesmos não atingimos essa plenitude, esse estar cheio de si, ou seja, cheio de possibilidades, latências, que realizamos com e pelo o outro. Uma sede de viver como não se vive mais, tornando a si mesmo um epicentro das vivências mais raras, tornando-se o locus mágico onde o amor, a revolta e a esperança se fundem em perpétua combustão. Uma vontade que não se dobra nem se entrega, que resiste nem que seja para ao fim, num ato de liberdade, determinar seu próprio fim: Catão em Útica...
É preciso fazer sexo com a terra, fecundar suas planícies, beber seus mares, aspirar de seu yoni* os sumos que tornam possível a existência; beber do leite que se espalha de seus seios siderais e tornam a via: branca.
Caminho de Santiago, caminho de estrelas, meu lingam é uma bandeira cravada entre estrelas, nave espacial entre os pelos púbicos da terra, entre a generosidade sem limites do útero e a doçura terrível da morte.
A transição dos átomos é cesura na matéria, mas nós somos seres plenamente transitórios, o absoluto é a fusão dos corpos num instante, o roçar do lingam nos lábios do cosmos, a soma cujo resultado é menor que os termos.
A todo instante somos mais e menos que ontem, a todo instante nos perdemos e nos achamos: o absoluto é o olho de fora que traça a rota do caminhar.
O absoluto é uma paisagem sempre por desenhar.
A lógica social pede que nós sejamos parte de algo e assim deve ser, quando entendemos a sociedade como um tecido composto por uma trama cujos fios somos todos nós; mas isso não impede que procuremos dar à vida possibilidades muito mais amplas, aumentar sua rede de significações e sentidos, de maneira que não precisemos reclamar do cotidiano, da rotina, já que tudo pode ser plenitude.
Eu sou irremediavelmente o outro.
Eu sou o olhar distante que só vê no espelho o rosto do amor.
Entre os corações pulsam sóis que transitam entre o azul e o vermelho.
Entre os corpos há música de câmara nos sexos.
Sou a melodia que nunca se completa; moto contínuo harmônico, sou a língua que lambe os olhos do mistério.
Amor.
* Yoni: nome indiano do órgão genital feminino, assim como Lingam é o nome indiano do órgão genital masculino.
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