02 novembro 2007

Príamo

Ainda, Príamo

os poetas lamentam por Heitor

os homens estão sós pelas florestas

saem a noite procurando um caminho

tudo é escuro, tudo é imenso

os homens estão sós

lançam dados, consultam o fogo

pensam numa justiça infindável

aproximam-se de abismos, tecem infinitos

os deuses derrubam muralhas

os homens estão sós em pequenas jaulas, nos automóveis

canibalizam a esperança

Sim, Príamo

os poetas lembram de ti e de Heitor

nossa solidão é cósmica

a rota que traçamos

de um a outro cosmos

é árdua de fogo e sal

algumas vezes fundamos cidades

outras contemplamos

a chama de nossas esperanças

os homens estão sós, Príamo

os deuses também.

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