22 julho 2010

Dois Poemas

Ouvir

feche os olhos para ouvir o mundo

escutarás as vozes dos deuses sem nome

incessantes ondas do tempo

espalhando ecos

sussurros marinhos, aves de gelo


no outono o som das folhas tristes

no solstício o espináculo do sol

plic plac das chuvas

confidências das raízes sob a terra

estalos das sombras em busca de luz


feche os olhos para acordar inteiro

ouça seu nome

quando estiver só.


Paisagem

do alto quem escutará bandeiras ao vento

quem saberá palavras

que atraem mel e sol

além das nuvens de elétrons

deuses hesitam

entre a nova terra e a destruição


sob o azul frases titubeiam

é preciso achar o lugar

onde os pássaros teimam o amanhã


é preciso marcar

com menires e sal

o espaço onde as estações copulam

agradecer à memória de cada coisa

que esqueceu a tristeza

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