Ouvir
feche os olhos para ouvir o mundo
escutarás as vozes dos deuses sem nome
incessantes ondas do tempo
espalhando ecos
sussurros marinhos, aves de gelo
no outono o som das folhas tristes
no solstício o espináculo do sol
plic plac das chuvas
confidências das raízes sob a terra
estalos das sombras em busca de luz
feche os olhos para acordar inteiro
ouça seu nome
quando estiver só.
Paisagem
do alto quem escutará bandeiras ao vento
quem saberá palavras
que atraem mel e sol
além das nuvens de elétrons
deuses hesitam
entre a nova terra e a destruição
sob o azul frases titubeiam
é preciso achar o lugar
onde os pássaros teimam o amanhã
é preciso marcar
com menires e sal
o espaço onde as estações copulam
agradecer à memória de cada coisa
que esqueceu a tristeza