22 dezembro 2009

Um Poema

Sob a Cidade


Os dedos de limo da cidade
aprisionam a fala dos que sonham
do quarto imaginamos estrelas, amores,
extravios
rotas no deserto
melodias contra o tédio
o que queremos é gritar, voar como tufão
suspensos por um fio
pendentes no vazio de Deus
sim, deixem-nos recitar a esperança
por dentro somos livres, dentes de leão ao vento
por fora nossas mãos armam revoluções
a derrubar muralhas, desfazer ídolos
estamos sob o céu da cidade
estamos sob o
oxigênio bêbado do presente
as nuvens de gás, os genocídios
emergimos bradando contra o nada
chega de corpos nos abismos
quanto será preciso
para libertar os sorrisos dos homens
os sorrisos dos deuses
há muralhas invisíveis entre nós
o amor estende os braços
os homens fecham os olhos

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