O que conhecemos aprendemos a amar
mesmo as coisas cujas formas
são sempre passageiras
assim com as pessoas
que encontramos na estrada
que em um dia, um mês, um ano
em ritmo de sonho
nos contam suas dores, seus encantos
os olhos em busca
daquilo que sem nome nos assusta
esperamos que a meia-noite nunca venha
possa o tempo saltar a madrugada
as mãos deslizam pelo mapa
rugosidade das montanhas, azul dos rios
tantos lugares onde não habitamos
tantos lugares longe do presente
esses aromas, esses ventos
essas cortinas de estrelas
que descem sobre nossas palavras
mais dia, menos dia se desfarão
palavras, folhas, ventos
bolhas de sabão que a eternidade engole
manchas no espelho da memória
rio das lembranças se desfaz
na garganta do tempo
aqui, ali teu nome, meus silêncios
na areia das ruas o imóvel calendário
nos assombra
sob a garrafa da palavra mais rubra
sob o abraço que a ameaça da manhã apressa
amamos o que desconhecemos
paisagens longínquas, animais estranhos
rotas que não pisamos
onde a liberdade sempre
jorra em silêncio a poesia
amamos sempre tudo
o que a morte nos nega
Uma lírica ensaística, um espaço para o pensar individual, para a literatura e para as aspirações de transformação, pessoal e coletivas.
26 agosto 2009
O Que Amamos
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11 agosto 2009
Digam-nos
dormem em vossas entranhas
e neles quantos seres
anunciam a poesia
que o horizonte derrama
Digam-nos quantos homens
abrem os olhos à noite
e sequestram hipocampos
que vagam nas estrelas
Digam-nos quanto sangue
escorre do silêncio
e quanto silêncio há
na boca das feridas
que os senhores escondem
Poesia é arma
para abrir os olhos
Poesia é adaga
para limpar os ossos
Poesia é plasma
para cicatrizar os sonhos
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